Assistir um programa de entretenimento não era sua idéia de uma atividade de férias, porém seus filhos desejavam ir, então cedeu. Agora que está aqui, comece a desfrutar. A atividade frenética do estúdio é contagiosa. A música é alegre. O cenário é colorido. E os riscos são altos.
"Mais altos do que jamais foram!". O anfitrião do programa se jacta. "Bem-vindos a 'Qual é seu preço?'". Está a ponto de perguntar a seu cônjuge se o cabelo do animador é natural quando ele anuncia o prêmio: "Dez milhões de dólares!".
O auditório não necessita que o estimulem; explodem num "É o jogo mais rico da história", disse com orgulho o animador. "Hoje alguém sairá daqui com um cheque no valor de dez milhões!".
— Não serei eu — você diz entre risos a sua filha mais velha —. Nunca tive sorte com os jogos de azar. — Shhh — sussurra ela, indicando o cenário —. Estão a ponto de tirar um nome.
Adivinha qual nome chamam. No instante que leva dizê-lo, você passa de expectador a jogador. Seus filhos berram, sua esposa grita e mil olhos observam como a jovem bonita o toma pela mão e o acompanha até o cenário.
"Abram a cortina!", ordena o animador. Você se vira e observa enquanto se separam as cortinas e então emite uma exclamação diante do que vê. Um carrinho de mão vermelho brilhante cheio de dinheiro... transbordando dinheiro. A mesma senhorita que o conduziu até o cenário agora empurra o carrinho de mão até onde você está e o estaciona a tua frente.
— Alguma vez você viu dez milhões de dólares? — pergunta o anfitrião de dentes perolados.
— Faz bastante tempo que não — responde. O auditório ri como se você fosse um cômico.
— Afunde as mãos — convida ele —. Em frente, mergulhe.
Olha para sua família. Um filho está com a boca aberta, um está orando e seu cônjuge o anima com os polegares para cima.
Como negar-se? Mergulha até a altura dos ombros e se levanta, aprisionando contra teu peito um monte de notas de cem.
— Pode ser seu. Tudo pode ser seu. A decisão é sua. A única pergunta que deverá responder é: "Qual é seu preço?".
Volta a ressoar o aplauso, toca a banda e você engole a saliva com força. Detrás de você se abre uma segunda cortina, que descobre uma enorme placa. "O que você está disposto a entregar?", está escrito na parte superior. O anfitrião explica as regras.
— O único que deve fazer é aceitar uma condição e receberá o
"Dez milhões de dólares!", sussurra para si mesmo.
Nem um milhão nem dois, mas dez milhões. Uma soma nada desprezível. Bonita poupança. Dez milhões de dólares dariam para muita coisa, verdade? Os custos de educação cobertos. Aposentadoria garantida. Abriria as portas de alguns carros ou de uma nova casa (ou várias). Poderia ser um grande benfeitor com tal soma. Ajudar alguns orfanatos. Alimentar algumas nações. Edificar algumas igrejas. De repente compreende: esta é uma oportunidade única na vida.
— Escolha. Só escolha uma opção e o dinheiro será seu.
Uma voz grave vinda de outro microfone começa a ler a lista:
"Ceda seus filhos em adoção".
"Prostitua-se por uma semana".
"Renuncie à sua cidadania".
"Abandone sua igreja".
"Abandone sua família".
"Mate um desconhecido".
"Realize uma mudança cirúrgica de sexo".
"Abandone sua esposa".
"Mude de raça".
— Essa é a lista — proclama o animador —. Agora, faça sua escolha.
Começam a tocar a música lema, o auditório está em silêncio e o seu pulso, acelerado. Deve tomar uma decisão. Ninguém pode ajudá-lo. Está sobre o cenário. A decisão é sua. Ninguém pode lhe dizer o que escolher. Porém há algo que posso lhe dizer. Posso lhe contar o que fariam os outros. Seus vizinhos já deram suas respostas. Numa enquete nacional formularam a mesma pergunta, e muitos disseram o que fariam. Sete por cento dos que responderam, assassinariam por essa quantidade de dinheiro. Seis por cento
mudaria sua raça. Quatro por cento mudaria seu sexo.
Se o dinheiro é a medida do coração, então esse estudo revelou que o dinheiro está no coração da maioria dos americanos. Em troca por dez milhões de dólares:
25% abandonaria sua esposa.
25% abandonaria sua igreja.
23% se prostituiria por uma semana.
16% cederia sua cidadania.
16% abandonaria seu cônjuge.
3% cederia seus filhos em adoção
Ainda mais revelador que o que os americanos fariam por dez milhões de dólares, é o fato de que a maioria faria algo. Dois terços dos interrogados cederiam a pelo menos uma, e alguns a várias, das opções. Em outras palavras, a maioria não abandonaria o cenário com as mãos vazias. Pagaria o preço necessário para ser o dono do carrinho de mão.
O que faria você? Melhor ainda, o que você está fazendo?
"Páre de sonhar, Max", diz você. "Nunca tive a oportunidade de ganhar dez milhões".
Talvez não, porém teve a oportunidade de ganhar mil ou cem ou dez. O montante pode não ter sido o mesmo, porém as opções sim o foram. O que faz com que a pergunta seja ainda mais inquietante. Alguns estão dispostos a abandonar a sua família, sua fé ou seus princípios morais por muito menos de dez milhões de dólares.
Jesus tinha uma palavra para isso: avareza.
Jesus também tinha uma definição para a avareza. Dizia que era a prática de medir a vida segundo as possessões.
A avareza equipara o valor de uma pessoa com sua carteira.
1) Você tem muito = você é muito.
2) Você tem pouco = você é pouco.
A conseqüência de semelhante filosofia é previsível. Se você é a soma do que tem, é necessário que seja o dono de tudo. Nenhum preço é demasiado elevado. Nenhum pagamento, demasiado caro.
Bem, existem muito poucos que seriam culpados de avareza declarada. Jesus sabia disso. É por isso que advertiu em contra de "toda avareza" (Lc 12:15). A avareza tem muitos rostos.
Quando vivíamos no Rio de Janeiro, Brasil, fui visitar um membro de nossa congregação. Tinha sido um forte líder na congregação, mas durante alguns domingos não o tínhamos visto nem sabíamos nada dele.
Alguns amigos me disseram que tinha herdado algum dinheiro e estava construindo uma casa. Me encontrei com ele no local da construção. Tinha herdado trezentos dólares. Com o dinheiro havia adquirido um minúsculo lote adjacente a um pântano contaminado. O pequeno terreno era do tamanho de uma garagem. Sobre o mesmo, estava construindo um cômodo.
Levou-me para realizar uma visita ao projeto... gastamos vinte segundos.
Nos sentamos na frente e conversamos. Disse-lhe que estávamos com saudade dele, que a igreja necessitava que voltasse. Ficou calado, depois virou e olhou sua casa. Quando voltou seu olhar para mim, seus olhos estavam umedecidos.
"Você tem razão, Max", confessou. "Acho que simplesmente me tornei demasiado avarento".
Vieram-me desejos de dizer: "Ávaro? Você está construindo uma joça num pântano e chama isso de avareza?" Porém não disse nada porque ele tinha razão. A avareza é relativa. A avareza não se define pelo que custam as coisas; mede-se pelo que custa para você.
Se qualquer coisa custa sua fé ou sua família, o preço é demasiado elevado.
Isso é o que Jesus destaca na parábola do investidor. Parece que o homem obteve um volumoso ganho inesperado de um investimento. A terra produziu uma colheita abundante. Encontrou-se com efetivo excedente e uma invejável pergunta:
"O que farei com meus lucros?"
Não leva muito tempo para decidir. Vai guardá-los. Achará a forma de armazená-los para poder viver a boa vida. Seu plano? Acumular. Sua meta? Beber, comer, divertir-se e descansar. Mudar-se para um clima tropical, jogar golfe, relaxar e repousar. De repente, o homem morre e se escuta outra voz. A voz de Deus. Deus não lhe diz nada agradável ao homem. Suas palavras iniciais são: "Insensato!".
Na terra, o homem era respeitado. O honraram com um belo funeral e um caixão de mogno. Trajes de flanela cinza enchem o auditório demonstrando sua admiração pelo sagaz homem de negócios. Mas na primeira fila está uma família que já começa brigar pelos bens deixados pelo pai. "Insensato!", declara Deus.
"Para quem será, então, o que preparaste para ti?" (Lucas 12:20)
O homem passou a vida construindo uma casa de cartas de baralho. Não viu a tormenta que se aproximava. E agora, o vento soprou.
A tormenta não foi a única coisa que não viu.
Nunca viu a Deus. Observe as primeiras palavras depois de seu grande ganho: "Que farei?" (Lc 12:17). Dirigiu-se ao lugar errado e formulou a pergunta errada. O que teria acontecido se tivesse ido a Deus para perguntar: "O que Tu desejas que eu faça?". O pecado deste homem não foi fazer planos para o futuro. Seu pecado foi que seus planos não incluíam a Deus.
Imagine se alguém o tratasse assim. Digamos que você contrata uma pessoa para cuidar de tua casa durante um fim de semana. Você lhe deixa as chaves, dinheiro e instruções. E então vai embora numa viagem.
Ao voltar, descobre que sua casa foi pintada de cor roxa. Foram mudados os segredos das fechaduras, então toca a campainha e o encarregado atende. Antes que possa dizer uma palavra, ele o acompanha para dentro enquanto proclama:
— Olhe como decorei minha casa!
A lareira foi substituída por uma cascata de água. Os carpetes foram substituídos por lajotas cor-de-rosa e retratos dele sobre veludo preto cobrem as paredes.
— Esta não é sua casa! — você declara —. É minha.
— Estas possessões não são suas — nos lembra Deus —. São minhas.
"Eis que os céus e os céus dos céus são do SENHOR teu Deus, a terra e tudo o que nela há" (Deuteronômio 10:14, ACF).
A regra financeira de Deus de maior preponderância é: Nada te pertence. Somos administradores, não donos. Mordomos, não proprietários. Pessoal de manutenção, não chefes. Nosso dinheiro não é nosso; é dEle.
Este homem, porém, não levou isso em conta. Por favor, note-se que Jesus não criticou a riqueza desse homem. Criticou sua arrogância. As palavras do homem rico são indício de suas prioridades.
Farei isto:
Derrubarei...
Recolherei...
E direi à minha alma: tens em depósito muitos bens... (Lucas 12:18-19).
Certa vez, foi pedido a um estudante que definisse as palavras "eu" e "meu". Respondeu: "Pronomes agressivos". Este homem rico era agressivamente egocêntrico. Seu mundo estava centrado nele mesmo. Estava cego. Não via Deus. Não via os outros. Somente via seu "eu".
"Louco!", disse-lhe Deus, "esta noite te pedirão a tua alma" (Lucas 12:20, ACF).
Estranho, não é? Que este homem tivesse o sentido suficiente para obter riqueza, mas não para preparar-se para a eternidade. O que é ainda mais estranho é que cometemos o mesmo erro. Quero dizer, não é como se Deus mantivesse o futuro em segredo. Uma olhada a um cemitério deveria lembrar-nos que todos morrem. Uma visita a um funeral deveria convencer-nos; não levaremos nada.
Os carros fúnebres não carregam bagagens.
Os mortos não empurram carrinhos de mão carregados de dez milhões de dólares.
O programa de entretenimento era fictício, mas os fatos são verdadeiros. Você está sobre um cenário. Lhe foi entregue um prêmio. Os riscos são altos. Muito altos.
Qual é seu preço?
Retirado do livro "Quando Deus sussurra seu nome" do Max Lucado. Esse é o capitulo 9. Super indicado! Amei esse livro!!!
Palavras fortes, e sábias. Que Deus continue a falar com você, em Nome de Jesus!
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